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sábado, 30 de novembro de 2013

quatro desafios e uma medalha.

Nos dias 21 e 22 de novembro aconteceu o "Mundo Senai", um evento local em que um dos objetivos é apresentar ao público os serviços que o SENAI oferece aos alagoanos. Na oportunidade, os competidores da Olimpíada do Conhecimento aproveitam para fazer simulados com provas como as que encontrarão no dia da competição. Passei uma tarde bastante agradável visitando o evento e isso foi suficiente para me fazer recordar de toda a experiência vivenciada no período em que eu ainda era competidora. Foi aí que pensei em contar um pouco da história para vocês!

Tudo começou no fim de janeiro de 2012, quando eu recebi o convite para participar da competição. Fui informada que eu faria um treinamento intensivo na área de informática no SENAI; que a etapa nacional da Olimpíada aconteceria em São Paulo durante o mês de novembro; que eu iria competir com deficientes visuais de diversos estados do Brasil; que seria uma excelente oportunidade de crescer profissionalmente; e o mais importante: eu estaria representando Alagoas em uma competição que, pela primeira vez, incluía pessoas com deficiências no "elenco": foram 36 deficientes ao todo, sendo 11 deficientes visuais. Após dois dias de reflexões e muitas conversas, decidi aceitar! E foi então que começaram os desafios.

1º desafio: o treinamento.
Durante oito meses, vivi um período de muito aprendizado, no qual eu aprendia não apenas os recursos da plataforma Office (Word, Excel, Powerpoint e Access), mas também testava a paciência, a tolerância, o autocontrole, a disciplina. Fiz muitas amizades, isso tornava o treinamento bem mais fácil! E para facilitar mais ainda, o bom humor era meu trunfo. Acontecesse o que acontecesse, eu concluí que precisaria estar feliz, fazer as pessoas a minha volta felizes também. Afinal, eu fazia parte da delegação "Guerreiros de Alagoas" e sentia-me orgulhosa de ser uma das 27 competidoras!

2º desafio: a Falsa Baiana e o Rapel.
Esportes radicais nunca foram o meu forte, mas em treinamento para a Olimpíada do Conhecimento tudo era possível! Eu, morrendo de medo da altura e do "desconhecido", fui convidada a participar. Claro que nada era imposto, mas eu queria testar o meu limite e arrisquei. Nunca pensei que conseguiria andar pendurada em uma corda, segurando em outra. Nunca pensei que desceria um Rapel de uma altura tão grande! Foram 18 metros, a altura de um prédio de 6 andares. Tudo isso, feito com a máxima segurança e cuidado.

Outra experiência maravilhosa que vivi foi a possibilidade de conduzir uma embarcação. Nessa hora, a confiança no meu acompanhante, que era o meu treinador, foi fundamental!

3º desafio: Simulado no Centro de Convenções.
O objetivo da equipe de treinadores e psicólogos era fazer com que nós vivenciássemos todos os tipos de experiências, afinal não sabíamos o que encontraríamos em novembro. Por isso, fui exposta ao barulho de uma exposição aberta ao público: música ao vivo, pessoas passando, gente falando ao microfone etc. Foram dois dias difíceis, em que eu precisava me concentrar apenas no meu computador e no fone de ouvido. Era necessário esquecer todo o barulho externo para que pudesse entender o que meu computador estava falando e assim realizar as atividades propostas. E eu consegui!

4º desafio: a prova.
Foram quatro dias de competição, nos quais eu precisei demonstrar todos os conhecimentos adquiridos. A ideia da prova é simular situações reais nas empresas, então eu era solicitada a produzir atividades como: elaborar anúncios para divulgar produtos, criar apresentações em slides, organizar banco de dados de funcionários e clientes, entre outras atividades empresariais. Competi com 10 pessoas deficientes visuais, uma de cada SENAI. Executei a prova com tranquilidade e confiança no treinamento que recebi. Após superar todos os desafios anteriores, eu me sentia definitivamente preparada para a competição e foi um sucesso!


Vivi momentos inesquecíveis ao participar da Olimpíada do Conhecimento 2012. Foi uma honra conquistar a medalha de prata para Alagoas. Quero deixar registrado aqui todo o meu reconhecimento ao SENAI Alagoas e meu agradecimento ao Flávio Santos, que foi meu treinador e se tornou meu amigo.

A Olimpíada do Conhecimento 2014 já está em andamento e o competidor por Alagoas tem a missão de trazer o Ouro! (risos). Boa sorte a todos da delegação! Desejo que aproveitem cada segundo do treinamento, assim como eu aproveitei! Saiba mais sobre a Olimpíada do Conhecimento, o maior evento de educação profissional da América Latina, acessando o site oficial! Aqui

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Diga-me o teu nome e eu saberei quem és.

Desde a infância, minha audição era estimulada com brinquedos que faziam barulho ou bonecas falantes. Pouco a pouco, as "vozes dos brinquedos" foram substituídas pelas vozes das pessoas e foi assim que passei a reconhecer meus familiares e parentes.

Na fase escolar, mais vozes eram acrescentadas à minha mente: agudas, graves, altas ou baixas; cada uma com sua peculiaridade e tão única como uma impressão digital. Naturalmente, se formava um verdadeiro "Catálogo vocal", cujo objetivo era armazenar as vozes dos colegas de classe, professores e demais funcionários. Lembro de como todos ficavam felizes quando eu conseguia identificá-los pela voz! Durante o período acadêmico, o número de vozes triplicou. Era impossível memorizar todas! Então meu "catálogo vocal" ficou restrito ao grupo de amigos mais próximos e a alguns professores (os mais falantes, é claro!).

Hoje então, nem se fala! Com a quantidade de pessoas que encontro todos os dias, nem sempre vou identificar todo mundo apenas pela voz. Sabe quando você vai ao shopping e encontra aquele rosto conhecido, mas não consegue se lembrar de quem é? O mesmo pode acontecer comigo em relação à sua voz.

Uma cantora deficiente visual já dizia: "se quiser que eu te reconheça então me diga teu nome". Esta é realmente uma prática infalível porque pode evitar situações bem comuns do tipo : 1º. A pessoa conversar comigo, esquecer de se identificar e eu ficar me perguntando: "com quem será que eu conversei naquela hora?" 2º. Alguém começa a conversar e eu pergunto: "Mas, me diz: Qual o seu nome?" E a pessoa com tom triste / surpreso / indignado na voz: "Não acredito que você não me reconhece pela voz!" Isso merece aquele sorrisinho característico e a frase mais utilizada da década: "pois é... são tantas vozes que é difícil adivinhar!" 3º. Tem também uma situação clássica. Imagine a cena: estou caminhando com alguém ao lado, quando outra pessoa passa correndo por mim e diz: "Fabrícia!" eu respondo um "oiii!" e o meu acompanhante pergunta: "Quem é esse(a) que falou contigo?" Mas eu não sei dizer porque não reconheci a voz e a pessoa não se identificou.

Essas são apenas algumas das situações recorrentes que já vivenciei. Mas, ao me colocar no lugar do meu interlocutor, penso que talvez ele não ficaria muito feliz se soubesse que quando falou comigo não foi reconhecido. Por isso, fica a dica: Se você quiser que uma pessoa deficiente visual te reconheça, identifique-se.

Para terminar esta postagem com alegria, nada melhor do que ouvir música! Conheça a canção "Pra que", da Sara Bentes, a cantora deficiente visual que falei. Espero que goste!