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quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Ação inclusiva: panfleto em Braille para pessoas cegas de Maceió/Alagoas.

As grandes conquistas merecem ser celebradas a qualquer tempo e também compartilhadas para que o mundo inteiro fique ciente do quão importante elas foram, e continuam sendo.
O que você vai ler agora são dois fatos interligados, que estão relacionados à acessibilidade. Um passo muito importante rumo à comunicação acessível e a inclusão social.

Em 2003, tive a honra de participar da 11ª Bienal do Livro que foi realizada no Rio de Janeiro. Naquela oportunidade, a Heloísa Helena, então senadora por Alagoas, esteve à frente de uma ação que beneficiou deficientes visuais de todo o país: a distribuição de cópias em Braille da Legislação Brasileira: Constituição Federativa do Brasil, Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei das Diretrizes e Bases.

Este ano, outra grande surpresa: novamente candidata ao Senado pelo PSOL, A Heloísa Helena pensou mais uma vez na população deficiente visual (cegueira) e preparou 500 panfletos em Braille para serem entregues aos eleitores de Maceió/Alagoas.
Em setembro eu recebi o meu e com muita alegria pude ler as cinco páginas escritas especialmente para nós. Foi uma experiência marcante poder ler um panfleto em Braille pela primeira vez.

Gostaria de deixar um agradecimento especial a Heloísa e dizer que: Na política podem até falar que você nunca fez nada por Alagoas, mas eu nunca me esquecerei do seu gesto ao levar acessibilidade aos deficientes visuais do nosso país.

Também gostaria de avisar aos leitores do blog que tenho algumas cópias do panfleto em Braille e posso distribuir. Então, quem quiser, é só entrar em contato comigo pelas redes sociais ou no formulário de contatos.

Finalizo a postagem deixando um trechinho do panfleto para que as pessoas que enxergam e não sabem ler braille, possam conhecer:
"[...] Portanto, é importante renovar na memória de Alagoas, que no honrado período em que fui Senadora --trabalhando muito por Alagoas e sem participar das safadezas políticas -- eu encaminhei para nosso Estado, em Emendas ao Orçamento, mais de 100 (cem) milhões de reais para a construção de Hospitais Públicos, Creches, Casas Populares, Saneamento Básico, Abastecimento de Água, Mamógrafos, Equipamentos Hospitalares e muito mais! Além de apresentar vários Projetos de Lei para melhorias na Educação, Saúde, Segurança Pública." (páginas 3-4)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Nem sempre a primeira impressão é a que fica.

Em um mega evento, do qual participavam mais de 400 pessoas, um dos palestrantes exibiu um vídeo que considerou impactante e emocionante. Eu, ao assisti-lo na palestra, discordei logo de cara.

O vídeo começa com uma canção. Logo nos primeiros acordes, não entendi que impacto uma música como aquela poderia causar. Sim, a canção é muito bonita, tem uma letra propícia para a reflexão, mas todo mundo já conhece há anos! Aparentemente, não havia nenhuma novidade nisso. Eu já estava esperando o volume da música baixar e começar uma daquelas mensagens motivacionais, mas não foi nada disso que aconteceu. Um rapaz começou a "cantar" de um jeito muito peculiar. Ele "falava" a letra, como se estivesse aprendendo a cantar, ou como se quisesse ensiná-la para os espectadores. Algumas vezes, tive a impressão que ele iria sair do ritmo, de tão pausadamente que falava.

De repente, uma moça começa a cantar. Ela tem uma voz linda! Mas, de fundo, o rapaz continua fazendo a sua interpretação. Era mais ou menos assim: ela cantava um verso e ele repetia. Duas vozes tão diferentes, interpretando a mesma música, me causou uma impressão desagradável. Eu não conseguia entender que lógica era aquela. Qual era o sentido de ouvir o mesmo trecho duas vezes?
Ao final, enquanto as pessoas aplaudiam, eu continuava sem entender o significado daquilo e não me senti nem um pouco emocionada.

Muito tempo depois, encontrei o vídeo no Youtube e pedi para uma pessoa que enxerga fazer a audiodescrição. Foi aí que descobri o quanto ele é bonito! Trata-se de um coral de surdos, que interpreta a música Imagine. Eles cantam junto com o coral de ouvintes do Glee, uma série americana. O vídeo faz parte de um dos episódios que foi exibido em 2010.
Na minha opinião, o que há de mais bonito é a mensagem implícita que mostra a sinergia entre pessoas com e sem deficiência, demonstrando que é possível, sim, trabalharem juntos. Nesse caso, a música serviu como ponte e apresentou uma mensagem belíssima unindo voz, letra e sinais.
Portanto, se você ainda não conhece, acione o play e aprecie! Depois comente a postagem, vou adorar saber a sua opinião também.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Ponto de Vista.

Gosto de conversar com as pessoas porque sempre aprendo muito com elas e tenho a oportunidade de esclarecer algumas dúvidas em relação a minha deficiência. Certa vez, em uma dessas conversas, um rapaz me disse
- Acho que ser cego é a pior deficiência que existe. Não poder ver as belezas que Deus criou, não poder ver o rosto das pessoas, não poder ver as cores...
Eu refleti um pouco sobre o assunto e respondi:
- Depende do ponto de vista! Se você acaba de perder a visão, talvez pense isso por algum tempo. Se você não conhece alguns produtos que facilitam a vida das pessoas cegas, pode ser que tenha a mesma opinião. Se você for uma pessoa cega de nascença, como eu, talvez ver essas coisas não façam a menor falta, porque existem outros recursos capazes de fazer um cego “enxergar” de outra forma. Por exemplo: se eu quiser conhecer o rosto de uma pessoa, posso perguntar-lhe se ela me autoriza a tocá-lo. Se eu quiser “ver” as cores, posso usar um programa no celular que as informa para mim ou perguntar a alguém que enxerga. Se eu quiser ver as coisas maravilhosas que Deus fez, posso ir até a varanda de casa e sentir o vento ou o calor do sol em meu rosto. Posso sentir o cheiro da natureza através das flores no jardim e ouvir o canto dos pássaros. Posso, ainda, ir até uma praia e ouvir o barulho das ondas do mar batendo na areia. Quando chove, dá pra sentir o cheiro de terra molhada e ouvir o som da chuva caindo.
Depois dessa conversa, fiquei pensando: será que tem alguma deficiência que é a pior coisa que existe?

Se eu enxergasse e não pudesse ouvir ou falar, seria muito difícil! Justamente porque já estou acostumada com a minha audição e fala. Mas as pessoas com deficiência auditiva também têm possibilidades de progredir e conviver normalmente. Além de alguns utilizarem a Linguagem Brasileira de Sinais, ainda tem recursos no celular e no computador que traduzem os textos do português para o LIBRAS e vice-versa.

Se eu enxergasse, pudesse ouvir e falar, mas não pudesse caminhar, também seria algo um pouco complicado. Principalmente em cidades que não são planejadas para ter acessibilidade, tem calçadas irregulares, poucas rampas... Se o cenário atual já é difícil para os cegos, que dirá para os cadeirantes! Mas isso também não me impediria de prosseguir a vida. Quem sabe eu poderia ter um carro adaptado ou uma cadeira motorizada.

Se eu tivesse deficiência intelectual, teria várias limitações, mas minha vida não seria impossível. Não é a toa que as pessoas com essa deficiência são tão felizes! E muitas delas desenvolvem a criatividade, praticam esporte, estudam. São pessoas normais, que desenvolvem suas atividades, como todos nós!

Se analisarmos cada uma das deficiências, perceberemos que todas têm limitações, mas é plenamente possível acostumar-se a ela, encarar o desafio e seguir adiante!

quinta-feira, 31 de julho de 2014

O aprendizado de idiomas: dicas para estudantes.

Aprender um idioma é mergulhar em um novo mundo cultural, é ampliar as oportunidades pessoais e profissionais.

Já escrevi aqui no blog sobre
dicas para professores que tenham estudantes cegos em suas classes.
Mas agora chegou a vez de conversar com você que deseja aprender um idioma e ainda não começou por falta de tempo, de dinheiro ou por qualquer outro motivo. Quero falar principalmente com os estudantes cegos, que frequentemente enfrentam muita dificuldade no que se refere a acessibilidade dos materiais. Minha intenção é apontar caminhos alternativos, fornecendo dicas que funcionam comigo durante o meu contínuo aprendizado de espanhol e certamente funcionarão para quem deseja aprender outros idiomas.
Pré-requisito: estude por prazer e não por obrigação.

1. Torne o idioma parte de sua rotina: do mesmo jeito que aprendemos o português, o aprendizado de qualquer língua requer ouvir, falar, ler e escrever. Mas tudo a seu tempo! Se você é autodidata, vale a pena procurar um programa de estudos e segui-lo com planejamento e metas. Se você estuda em um cursinho ou em aulas particulares, é interessante complementar os conhecimentos adquiridos com pesquisas na Internet. Aprendeu sobre os pronomes hoje? Então, que tal acessar o Youtube ou o Google para estudar mais sobre o assunto? É uma forma de revisar os conteúdos e ir além do livro didático.

2. Acostume o ouvido : é comum, no início, ter dificuldade com o idioma porque não entendemos o que ouvimos. "É muito rápido", dizem algumas pessoas. Mas, na verdade, nós também falamos rápido. Duvida? Então pergunte a um estrangeiro que aprendeu o português!
Ao aprender um novo idioma, é importante ouvi-lo, mesmo que a princípio pareça incompreensível. Pesquise rádios e ouça a programação, assista vídeos, ouça programas de TV pela Internet... Até música de Ninar ou filmes infantis servem. Estes são até melhores pra quem está começando!

3. Leia muito: ao ler, aprendemos a escrever! Acesse jornais online, leia histórias em quadrinhos, livros (comece pelos pequenos), letras de músicas, interaja em chats para testar a comunicação simultânea, tire dúvidas em fóruns. Um bom exercício é ouvir uma música, depois ler a letra. Em seguida ouvir a música novamente e reler a letra, marcando as palavras que você não compreendeu para pesquisar no dicionário depois.

4. Escreva um pouco todos os dias! No meu caso, comecei fazendo pequenos resumos do que eu aprendia e a medida que meus conhecimentos aumentavam, passei a escrever textos maiores sobre o meu cotidiano. É muito importante utilizar o dicionário para descobrir o significado das palavras. Também é interessante utilizar tradutor, desde que seja com sabedoria! Nada de escrever o texto todo em seu idioma nativo e depois traduzi-lo! Utilize-o como um "corretor", mas sabendo que esse tipo de ferramenta não é perfeita.

5. Sempre que possível, fale! Existem alguns sites ou programas de computador nos quais você tem a oportunidade de praticar a conversação e fazer amizades. Um deles é o
Zello.

Também é possível fixar os conteúdos utilizando aplicativos que estão disponíveis em dispositivos móveis. Com eles você complementa os conhecimentos de forma interativa. Eu indico o
Duolingo.
É acessível e prático!

Agora, para deixar você com ainda mais vontade de estudar um novo idioma, vou partilhar outros links ma-ra-vi-lho-sos! Divirta-se!
Espanhol Grátis
Só Espanhol
Aprenda Esperanto no Lernu
Dicas de inglês no English Experts
17 canais do Youtube para aprender inglês de graça
Aprenda Italiano
Oito aplicativos que lhe ajudarão a aprender um novo idioma

Espero ter ajudado! Tem mais sugestões e dicas? Compartilhe nos comentários!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Uma Copa Diferente!

Quando 2014 começou, a expectativa de muita gente era só uma: A Copa do Mundo. E com ela, vinha o sonho do Hexa, que não se realizou; havia a sensação de imaginar "o mundo no Brasil", com milhares de turistas espalhados pelas cidades-sede. Para grande parte dos brasileiros seria uma experiência única, já que a última vez que houve Copa em nosso país foi nos anos 50.

Quem gosta de futebol, viu o mês passar em um piscar de olhos! Dentro de campo, o Brasil levou um baile da Alemanha e da Holanda. Quem não viu? Fora dele, porém, a história foi outra! Especialmente para as pessoas com deficiência visual.

Dentro do estádio, uma experiência inédita: a audiodescrição das partidas para os torcedores cegos. Este recurso foi disponibilizado nos estádios do Maracanã, no Mineirão, no Mané Garrincha e na Arena Corinthians. Bastava sintonizar determinada frequência de rádio para ter acesso a descrição de tudo que os olhos dos narradores audiodescritores podiam enxergar. Foi uma parceria entre a FIFA, a ONG Urece e o Centro de Acesso de Futebol na Europa, que treinou a equipe de 16 voluntários.

Fora do estádio, outra experiência inédita: a audiodescrição do encerramento da Copa do Mundo. Um time de Recife formado pela Liliana Carvalho, a Silvia e o Milton, em parceria com a equipe da rádio Mundo Cegal, proporcionaram a dezenas, ou talvez centenas de pessoas, a sensação incrível de Enxergar com os Ouvidos.
Eu tive a honra de ser uma dessas pessoas. Graças a conexão 3g do meu celular, consegui acompanhar tudo o que era descrito. Todas as imagens que passavam na tela da TV eram descritas pela Liliana e eu pude enxergar através dos olhos dela. Vi a Shakira de vestido vermelho se requebrando bastante! Vi seu lindo Bebê; Vi a Ivete Sangalo em clima de festa! Pulando, pulando... Vi quando os alemães ganharam a copa, o momento em que cada um pegava a taça e beijava. Vi a dança que eles fizeram e como comemoraram! Vi o alemão com o rosto machucado e mesmo assim comemorando; vi também a tristeza dos argentinos... Nessa hora fiquei triste com eles... Vi também a chuva de papel picado e as imagens divididas: parte na comemoração do Maracanã; parte na Alemanha. Como foi lindo! Como foi emocionante e inesquecível! Graças ao trabalho voluntário e a tecnologia, pude vivenciar uma experiência ímpar ao ver a Alemanha ser tetracampeã. Foi fantástico poder comentar com a minha família todas as imagens que eu via e perceber que eles estavam vendo o mesmo que eu!

Gostaria de parabenizar a todos que trabalharam incansavelmente para proporcionar uma copa acessível de verdade aos deficientes visuais. Desejo que sirva de exemplo para outros eventos mundo a fora. Os erros que aconteceram ou que acontecerão, sempre merecem a oportunidade de serem corrigidos nas próximas experiências. Ainda há muito a conquistar, mas estamos no caminho!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Multiplicação do Conhecimento.

Com um clique do mouse poderemos abrir o Google, por exemplo, e fazer uma pesquisa sobre qualquer assunto. Em segundos, milhares de páginas surgem diante dos nossos olhos, ou dos nossos ouvidos atentos. É claro que nem tudo que lemos nos será útil, mas está tudo ali, à nossa disposição. Temos a Internet, os livros, os jornais e as revistas. Temos os dicionários, os corretores ortográficos, os tradutores eletrônicos. Temos tudo que precisamos, e até o que não precisamos! Mas será que tudo isso é conhecimento, ou são meras informações jogadas no mundo?

Se olharmos para o todo, é difícil responder. Mas se você olhar para o seu mundo particular, o que diria? O que você tem feito com as informações que recebe diariamente?
Quando você apenas as recebe e as deixa passar, elas não passam de informações disseminadas, como as ondas que vem e vão no oceano.
Quando você seleciona, aprende, aplica e compartilha, a informação transforma-se em conhecimento multiplicado.

Tem gente por aí que apenas retêm informações. São pessoas que não colocam em prática o que aprendem, nem compartilham o aprendizado. Ele fica restrito às bancas de estudo e ao cérebro do aprendiz.

No entanto, o ideal é transformar, sempre que possível, a informação em conhecimento e multiplicar. É fazer por alguém aquilo que você gostaria que fizessem por você. É pensar como pensou Jesus, há mais de dois mil anos. Conta-se na Bíblia que ele multiplicou pão e peixe e distribuiu para quem estava ao redor. Se essa história é verdade ou não, pouco importa. O importante é a lição de esperança que foi disseminada com um simples gesto.

Quando a gente soma esforços e multiplica o conhecimento, podemos mudar um pouquinho a nossa sociedade. Pense nisso!

Veja aqui link sobre o milagre da multiplicação dos pães e peixes

terça-feira, 8 de abril de 2014

Como são seus sonhos?

Nunca vi um assunto que gerasse tanta curiosidade como os sonhos. Certamente, alguma vez na sua vida, você já tentou interpretar o que sonhou na noite anterior. Você já deve ter se divertido ou se surpreendido com algum sonho maluco, que fazia todo o sentido, mas somente enquanto você dormia. Quem nunca pesquisou significados de sonhos, ou considerou que aquele sonho, da noite passada, foi um "aviso"? Quem nunca foi dormir tenso, preocupado com algum problema e, ao acordar no dia seguinte, tinha a solução como em um passe de mágica?

E quando o assunto é sonho, frequentemente alguém me pergunta: "Você sonha? Como são seus sonhos"? Nada melhor do que responder contando um dos mais recentes e engraçados: Eu estava sentada em um banco largo, desconfortável e sem encosto, localizado em um pátio de algum lugar desconhecido. Havia muita gente ao redor. Pelo barulho, quase ensurdecedor, aposto que havia mais de 200 pessoas. Eu utilizava um fone pequeno em apenas um ouvido. De repente, surge um rapaz desconhecido e pergunta: "Quero ver se você adivinha quem sou eu"! Rapidamente aperto um botão no fone e escuto o nome do sujeito. Ao repassar a informação, ele se surpreende: "Como você adivinhou tão rápido e no meio de tanto barulho"? Sem pestanejar, eu lhe digo: "É um aplicativo que instalei no meu iphone".

Em sonhos como esses, nos quais eu sou cega, minhas referências dos ambientes e das pessoas são as mesmas do mundo real: utilizo a audição, o tato, o olfato. Os sentimentos e sensações são os mesmos, com a diferença que eu consigo correr sem nenhum medo de cair e sou capaz até de voar! Também já sonhei despencando de um prédio bem alto, sorte que eu acordei bem na hora da queda e descobri que era só um sonho. Quem nunca passou por isso? Em outros, eu consigo enxergar perfeitamente. Vejo as pessoas, as cores e tudo o que não vejo quando estou acordada. Mas, ao abrir os olhos no dia seguinte, não consigo descrever as imagens que vi de olhos fechados. Só sei que as vi! É, realmente, algo inexplicável e contraditório. Igualzinho a maioria dos nossos sonhos.

Gostaria de enfatizar que outras pessoas cegas de nascença ou que perderam a visão podem ter experiências diferentes acerca dos sonhos. Caso algum leitor deficiente visual queira narrar as suas, fique à vontade para postar nos comentários.

terça-feira, 1 de abril de 2014

NÃO É MENTIRA! Inacessibilidade no XXXVI Congresso Nacional dos Jornalistas

Hoje, no dia da mentira, venho contar uma situação verdadeira que me deixou um tanto frustrada.
Vocês já devem ter ouvido falar sobre o
XXXVI Congresso Nacional dos Jornalistas,
que acontecerá em Maceió a partir de amanhã, no Centro de Convenções.

Decidi me inscrever porque considero importante a atualização profissional. Mas, qual foi minha surpresa! Ao clicar no link que exibe a programação, ela estava totalmente inacessível. Em formato de imagem e de impossível visualização aos cegos!

Eu me pergunto: por que colocar texto em formato de imagem, quando poderia colocar apenas o texto? Será que pensaram, mesmo, que em pleno século XXI, não haveria acesso de pessoas com deficiência visual ao conteúdo? Ou será que acham que não existem jornalistas cegos interessados em participar do congresso?
Que eu saiba, sou a única jornalista cega de Maceió, por enquanto. Mas este evento é nacional! Só nos meus contatos das redes sociais, tem mais de 10 jornalistas cegos. Talvez eles não participem do evento, mas poderiam ter acessado a programação sem conseguir ler.

Faltou informação, é óbvio! A equipe talvez nem saiba que existe inacessibilidade na programação, uma das partes mais importantes do congresso. Isso é o que mais entristece! Enviei e-mail para a organização do evento e solicitei o envio da programação por e-mail. Mas tenho consciência de que isso resolveu apenas o meu problema. Então, decidi fazer este alerta com a intenção de apontar o erro, mas também apresentar alguma solução. Porque reclamar por reclamar, não adianta!

Vou demonstrar dois exemplos. Observe que no segundo, ao fazer o download do PDF, não há imagem impedindo a leitura, enquanto que no primeiro a programação foi digitalizada em formato de imagem e divulgada. Não sei se quem enxerga irá perceber a diferença entre os textos. Mas quem conhece programas leitores de telas para pessoas com deficiência visual, certamente perceberá. Veja abaixo a programação inacessível
Veja agora um exemplo de como deveria ser:. Clique Aqui para acessar um modelo de programação

Ressalto que textos em formato "jpg", "png" ou dentro de qualquer imagem, é impossível uma pessoa cega visualizar!

Que fique a lição para outros eventos de qualquer lugar. Não esqueçam da acessibilidade! Não esqueçam das pessoas com deficiência!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Qual é a sua marca?

Ela está sempre triste, desanimada, achando que os problemas não têm solução. Tento ajudar como posso. Converso, conto piada para deixá-la mais alegre, procuro mostrar o outro lado da moeda. Sempre que conversamos eu pergunto: "como vai?" e a resposta é a mesma: "Tô indo... levando a vida...". Ela não sabe, mas desde o dia em que nos conhecemos eu espero por uma resposta mais positiva. Não acho que ela deva estar sempre ótima, até porque isso seria uma utopia. Nós temos dias bons e dias ruins e é absolutamente normal uma vez ou outra estarmos "de mal" com a vida. O problema é quando isso se torna comum.

Pensando em casos como esse, comecei a refletir sobre a postura da sociedade. Como resultado, identifiquei dois grandes grupos: o negativo e o positivo.

De um lado, temos o negativo. Fazem parte dele as pessoas que sempre acordam de mau-humor e passam o dia assim. Há aquelas que só pensam negativo e influenciam os demais. Afinal, segundo elas, "nada dá certo mesmo"! Há ainda quem acredite no êxito pessoal e profissional, mas fica esperando as coisas acontecerem como se fossem cair do céu. Há pessoas que culpam Deus e o mundo por suas desventuras e pelas situações desafiantes que lhes foram impostas pela vida. Por fim, fazem parte desse grupo todos aqueles que adoram fazer críticas negativas e não apresentam soluções para os problemas.

De outro lado, vemos o grupo positivo, composto por pessoas que na maioria das vezes tentam agir diferente. São pessoas que gostam de encarar os problemas como desafios a serem superados; sempre veem o lado positivo das situações; prestam mais atenção à beleza da vida, mesmo em um dia estressante e cansativo, por exemplo. São pessoas que procuram aproveitar o tempo ocioso com algo útil para si ou para os outros; quando se chateiam com alguém, logo esquecem e fazem as pazes; evitam conflitos porque se colocam no lugar do outro; quando se deparam com algum problema grave, sempre acham que existem pessoas em situações ainda piores.

Hoje, em qual grupo você se encaixa?
Na minha opinião, nós vivemos oscilando entre os dois grupos. O ideal é que pouco a pouco nos tornemos pessoas de atitudes mais positivas. Contudo, ter um pouco de "negativismo" faz bem, pois demonstra que sempre é possível melhorar as situações desagradáveis .

Sempre acreditei que cada pessoa tem uma missão aqui na Terra e que nada acontece por acaso. Estamos aqui para aprender, ensinar, construir um mundo melhor. A expectativa de vida da população está aumentando e com isso temos mais tempo para refletir sobre nossos atos, trabalhar os defeitos, aprimorar as qualidades. O alicerce de tudo está na fé. Seja em Deus, nos homens, na natureza. Cada um de nós tem livre arbítrio para escolher e acreditar no que quiser. O que importa, no final, é que consigamos deixar a nossa marca no mundo. Nossas atitudes positivas e negativas formam o nosso caráter, são o nosso espelho.
Como já dizia o Mahatma Gandhi, "Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo".
Então, vamos começar? Que tal transformarmos uma atitude negativa em duas positivas? Que tal refletir sobre sua responsabilidade em nosso planeta? Que marca você quer deixar no mundo para se tornar inesquecível aos olhos das próximas gerações? Pense nisso!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Nascer do Sol.

No livro
"As Irmãs",
da autora Danielle Steel,
um acidente de carro muda a vida de Anie e de sua família para sempre: ela fica cega. E agora, o que fazer? Como ela conseguirá trabalhar como pintora, já que perdeu a visão por completo? E seu namorado que ficou em outra cidade, como vai reagir quando souber? Será que vai ajudá-la a ultrapassar esse momento difícil? Essas eram algumas perguntas que suas três irmãs formulavam enquanto tentavam se adaptar à nova situação e enquanto descobriam a melhor maneira de ajudá-la. Elas decidiram alugar uma casa durante um ano, para a qual se mudariam. Acreditavam que 365 dias seriam suficientes para Anie se reabilitar e levar uma vida o mais normal possível. Lendo este livro você conhecerá uma história de sucesso com final feliz. Ela mostra todas as coisas maravilhosas que podem acontecer com alguém, quando há coragem e apoio familiar.

Em "A Culpa é das Estrelas", de
John Green,
você conhecerá a história de Isaac, um adolescente com câncer. Ele já havia perdido a visão de um dos olhos e sabia que poderia perder a do outro. Sua namorada dizia que estaria com ele para sempre e o ajudaria a superar todos os obstáculos. Não foi o que aconteceu. Ele ficou totalmente cego e ela terminou o namoro. Certa vez, em um de seus momentos inconsoláveis, Sua amiga Azel disse-lhe que " -- Às vezes as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem.".
Apesar de tudo, Isaac não estava sozinho. Além de Azel, havia Augustus. Os dois não mediam esforços para ajudá-lo. Ele contava ainda com o apoio incondicional de sua mãe. Foi assim que pouco a pouco ele pôde superar as dificuldades relacionadas à perda da visão.

Quem não conhece a história da personagem Linda, vivida pela atriz Bruna Linzmeyer na novela
Amor a Vida?
Linda tem autismo e mora com os pais e dois irmãos. Um dia, a moça conheceu o Rafael, um advogado que se apaixonou por ela e não estava nem aí para o fato de a garota ser ou não ser autista. No mundo real, esse romance gerou
polêmica
e algumas críticas nas quais especialistas opinam que o enfoque deveria estar relacionado à dificuldade da família em socializá-la e que a personagem, por possuir um grau avançado de autismo, não deveria namorar.

Polêmicas à parte, o fato é que histórias como essas estão presentes em livros, novelas ou filmes. Umas mais realistas que outras, mas todas com um só objetivo: mostrar ao público que não importa a limitação que o personagem possua, sempre existirá um nascer do sol após a escuridão. Sempre haverá alguém para ajudá-lo a vencer os desafios.

Você já teve a oportunidade de observar o nascer do sol? No momento em que ele desponta no horizonte, sua luz começa a iluminar fracamente o alvorecer. Pouco a pouco, esta luz vai ficando cada vez mais forte, tão forte que é impossível olhar para ela sem sentir os olhos arderem. Após iluminar durante todo o dia, sua luz vai diminuindo... diminuindo... e desaparece para iluminar outros lugares. É claro que de vez em quando surgem as nuvens para encobrir os dias ensolarados. Mas, por incrível que possa parecer, elas são fundamentais para equilibrar o meio ambiente. Do mesmo modo acontece em nossa vida. Nós podemos ter um sol brilhante todos os dias, quando contamos com pessoas que se importam verdadeiramente conosco. Podemos ter dias nublados, quando as dificuldades surgem em nosso cotidiano e nos impedem de prosseguir. Mas o sol sempre retorna, quando conseguimos superar os desafios e distribuir felicidade por onde passamos.

Desejo que em todos os dias de sua vida você possa ser a luz que iluminará a vida de alguém. Assim teremos um sol brilhante durante todos os dias do ano!