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terça-feira, 3 de outubro de 2017

Maquineta de cartão inacessível.

Você passaria a senha do seu cartão de crédito para um desconhecido?
E se você estivesse no meio de estranhos, falaria sua senha em voz alta para alguém digitar?

Quem inventou as famigeradas “Moderninhas”, da PagSeguro, não pensou nos consumidores cegos e não percebeu que a modernidade deve andar de mãos dadas com a tecnologia acessível.

A “Moderninha”, retrógrada, não tem o mínimo de acessibilidade. Nas que tive o desprazer de encontrar por aí, não vi botões físicos, não vi entrada para fone de ouvido. Só vi uma tela touch. Por onde anda a acessibilidade, que tanto beneficia os cegos mundo à fora? Por que não implementar sistema de som e fone de ouvido? Se as máquinas convencionais são acessíveis por terem botões físicos e o pontinho no número 5, qual a necessidade de incluir uma “moderna” inacessível? Já diz o ditado: “em time que está ganhando, não se mexe”.

Há dois anos a PagSeguro informou estar ciente do problema e que tem projetos para resolver essa questão. O fato é que esta maquineta continua circulando no mercado e tornando a vida do consumidor cego bem constrangedora na hora do pagamento.

Semana retrasada aconteceu com minha amiga em um salão de beleza aqui de Maceió. Ela agendou, usufruiu dos serviços e na hora de pagar... deu de cara com a “Moderninha”.
Foi impossível não lembrar das vezes que eu também tive que passar por esse tipo de situação, principalmente no que se refere a serviços.
É preciso estar preparado(a) para pagar à vista. Mas não é justo, tendo em vista que os demais consumidores têm a possibilidade de parcelar, concorda?

A “Moderninha” pode estar no balcão de qualquer estabelecimento da cidade. E nós, cegos, em tempos modernos, ainda precisamos lidar com esse tipo de pesadelo.
Divulgar é preciso!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Anjos no caminho.

Há algumas semanas, uma pessoa se admirou por uma coisa banal que eu estava fazendo: caminhando nas ruas do Centro do Rio de Janeiro, em direção ao Metrô. Ela se ofereceu para ajudar a chegar lá, visto que ia na mesma direção. Enquanto atravessávamos a rua, ela me contou que fica admirada com a coragem dos deficientes visuais, que se “aventuram” pela cidade, em meio a tantos obstáculos e tanta gente má. Isso me fez pensar nos anjos do caminho.

Diante de um cenário de violência em que se sobressai o pior lado do ser humano, é possível não enxergá-los na multidão. Eles estão na praia, no shopping, em casa, no trabalho, nas ruas... em todos os lugares. Surgem de repente, do nada, na hora que mais precisamos. Não importa a cor, o sexo ou a classe social. O importante é o que têm em comum: a vontade de ser útil sem pedir nada em troca, sem o dever da obrigatoriedade.

Uns chegam sem pedir licença, não se identificam, querem logo fazer algo. São ansiosos. Há quem não entenda toda essa impulsividade, pois nem sempre precisamos de ajuda.
Outros, mais tranquilos, se apresentam, puxam assunto e esbanjam simpatia. No breve tempo de contato, parece que já nos conhecemos a séculos!
Há também os inexperientes: “marinheiros de primeira viagem”. Geralmente são mais tímidos e inseguros. Querem ajudar, mas não sabem como. Eis aí uma grande oportunidade de transmitir conhecimento.

São pessoas boas, que mesmo no corre corre do dia a dia, tomam a iniciativa de nos estender a mão e depois seguem seu caminho. Talvez elas não imaginem o quão importante foi a ajuda ofertada! Essa certeza de que nunca estamos sós é o que me encoraja a seguir adiante,sempre confiante no que há de melhor nas pessoas. Quanto mais ajuda recebemos, mais podemos retribuir.
Com tudo isso, aprendi que Todos nós podemos ser anjos no caminho de alguém.

Gratidão a todos os que passaram e passam em meu caminho deixando boas histórias e lembranças.
A gente se vê por aí!