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terça-feira, 1 de abril de 2014

NÃO É MENTIRA! Inacessibilidade no XXXVI Congresso Nacional dos Jornalistas

Hoje, no dia da mentira, venho contar uma situação verdadeira que me deixou um tanto frustrada.
Vocês já devem ter ouvido falar sobre o
XXXVI Congresso Nacional dos Jornalistas,
que acontecerá em Maceió a partir de amanhã, no Centro de Convenções.

Decidi me inscrever porque considero importante a atualização profissional. Mas, qual foi minha surpresa! Ao clicar no link que exibe a programação, ela estava totalmente inacessível. Em formato de imagem e de impossível visualização aos cegos!

Eu me pergunto: por que colocar texto em formato de imagem, quando poderia colocar apenas o texto? Será que pensaram, mesmo, que em pleno século XXI, não haveria acesso de pessoas com deficiência visual ao conteúdo? Ou será que acham que não existem jornalistas cegos interessados em participar do congresso?
Que eu saiba, sou a única jornalista cega de Maceió, por enquanto. Mas este evento é nacional! Só nos meus contatos das redes sociais, tem mais de 10 jornalistas cegos. Talvez eles não participem do evento, mas poderiam ter acessado a programação sem conseguir ler.

Faltou informação, é óbvio! A equipe talvez nem saiba que existe inacessibilidade na programação, uma das partes mais importantes do congresso. Isso é o que mais entristece! Enviei e-mail para a organização do evento e solicitei o envio da programação por e-mail. Mas tenho consciência de que isso resolveu apenas o meu problema. Então, decidi fazer este alerta com a intenção de apontar o erro, mas também apresentar alguma solução. Porque reclamar por reclamar, não adianta!

Vou demonstrar dois exemplos. Observe que no segundo, ao fazer o download do PDF, não há imagem impedindo a leitura, enquanto que no primeiro a programação foi digitalizada em formato de imagem e divulgada. Não sei se quem enxerga irá perceber a diferença entre os textos. Mas quem conhece programas leitores de telas para pessoas com deficiência visual, certamente perceberá. Veja abaixo a programação inacessível
Veja agora um exemplo de como deveria ser:. Clique Aqui para acessar um modelo de programação

Ressalto que textos em formato "jpg", "png" ou dentro de qualquer imagem, é impossível uma pessoa cega visualizar!

Que fique a lição para outros eventos de qualquer lugar. Não esqueçam da acessibilidade! Não esqueçam das pessoas com deficiência!

quinta-feira, 6 de março de 2014

Qual é a sua marca?

Ela está sempre triste, desanimada, achando que os problemas não têm solução. Tento ajudar como posso. Converso, conto piada para deixá-la mais alegre, procuro mostrar o outro lado da moeda. Sempre que conversamos eu pergunto: "como vai?" e a resposta é a mesma: "Tô indo... levando a vida...". Ela não sabe, mas desde o dia em que nos conhecemos eu espero por uma resposta mais positiva. Não acho que ela deva estar sempre ótima, até porque isso seria uma utopia. Nós temos dias bons e dias ruins e é absolutamente normal uma vez ou outra estarmos "de mal" com a vida. O problema é quando isso se torna comum.

Pensando em casos como esse, comecei a refletir sobre a postura da sociedade. Como resultado, identifiquei dois grandes grupos: o negativo e o positivo.

De um lado, temos o negativo. Fazem parte dele as pessoas que sempre acordam de mau-humor e passam o dia assim. Há aquelas que só pensam negativo e influenciam os demais. Afinal, segundo elas, "nada dá certo mesmo"! Há ainda quem acredite no êxito pessoal e profissional, mas fica esperando as coisas acontecerem como se fossem cair do céu. Há pessoas que culpam Deus e o mundo por suas desventuras e pelas situações desafiantes que lhes foram impostas pela vida. Por fim, fazem parte desse grupo todos aqueles que adoram fazer críticas negativas e não apresentam soluções para os problemas.

De outro lado, vemos o grupo positivo, composto por pessoas que na maioria das vezes tentam agir diferente. São pessoas que gostam de encarar os problemas como desafios a serem superados; sempre veem o lado positivo das situações; prestam mais atenção à beleza da vida, mesmo em um dia estressante e cansativo, por exemplo. São pessoas que procuram aproveitar o tempo ocioso com algo útil para si ou para os outros; quando se chateiam com alguém, logo esquecem e fazem as pazes; evitam conflitos porque se colocam no lugar do outro; quando se deparam com algum problema grave, sempre acham que existem pessoas em situações ainda piores.

Hoje, em qual grupo você se encaixa?
Na minha opinião, nós vivemos oscilando entre os dois grupos. O ideal é que pouco a pouco nos tornemos pessoas de atitudes mais positivas. Contudo, ter um pouco de "negativismo" faz bem, pois demonstra que sempre é possível melhorar as situações desagradáveis .

Sempre acreditei que cada pessoa tem uma missão aqui na Terra e que nada acontece por acaso. Estamos aqui para aprender, ensinar, construir um mundo melhor. A expectativa de vida da população está aumentando e com isso temos mais tempo para refletir sobre nossos atos, trabalhar os defeitos, aprimorar as qualidades. O alicerce de tudo está na fé. Seja em Deus, nos homens, na natureza. Cada um de nós tem livre arbítrio para escolher e acreditar no que quiser. O que importa, no final, é que consigamos deixar a nossa marca no mundo. Nossas atitudes positivas e negativas formam o nosso caráter, são o nosso espelho.
Como já dizia o Mahatma Gandhi, "Devemos ser a mudança que queremos ver no mundo".
Então, vamos começar? Que tal transformarmos uma atitude negativa em duas positivas? Que tal refletir sobre sua responsabilidade em nosso planeta? Que marca você quer deixar no mundo para se tornar inesquecível aos olhos das próximas gerações? Pense nisso!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

O Nascer do Sol.

No livro
"As Irmãs",
da autora Danielle Steel,
um acidente de carro muda a vida de Anie e de sua família para sempre: ela fica cega. E agora, o que fazer? Como ela conseguirá trabalhar como pintora, já que perdeu a visão por completo? E seu namorado que ficou em outra cidade, como vai reagir quando souber? Será que vai ajudá-la a ultrapassar esse momento difícil? Essas eram algumas perguntas que suas três irmãs formulavam enquanto tentavam se adaptar à nova situação e enquanto descobriam a melhor maneira de ajudá-la. Elas decidiram alugar uma casa durante um ano, para a qual se mudariam. Acreditavam que 365 dias seriam suficientes para Anie se reabilitar e levar uma vida o mais normal possível. Lendo este livro você conhecerá uma história de sucesso com final feliz. Ela mostra todas as coisas maravilhosas que podem acontecer com alguém, quando há coragem e apoio familiar.

Em "A Culpa é das Estrelas", de
John Green,
você conhecerá a história de Isaac, um adolescente com câncer. Ele já havia perdido a visão de um dos olhos e sabia que poderia perder a do outro. Sua namorada dizia que estaria com ele para sempre e o ajudaria a superar todos os obstáculos. Não foi o que aconteceu. Ele ficou totalmente cego e ela terminou o namoro. Certa vez, em um de seus momentos inconsoláveis, Sua amiga Azel disse-lhe que " -- Às vezes as pessoas não têm noção das promessas que estão fazendo no momento em que as fazem.".
Apesar de tudo, Isaac não estava sozinho. Além de Azel, havia Augustus. Os dois não mediam esforços para ajudá-lo. Ele contava ainda com o apoio incondicional de sua mãe. Foi assim que pouco a pouco ele pôde superar as dificuldades relacionadas à perda da visão.

Quem não conhece a história da personagem Linda, vivida pela atriz Bruna Linzmeyer na novela
Amor a Vida?
Linda tem autismo e mora com os pais e dois irmãos. Um dia, a moça conheceu o Rafael, um advogado que se apaixonou por ela e não estava nem aí para o fato de a garota ser ou não ser autista. No mundo real, esse romance gerou
polêmica
e algumas críticas nas quais especialistas opinam que o enfoque deveria estar relacionado à dificuldade da família em socializá-la e que a personagem, por possuir um grau avançado de autismo, não deveria namorar.

Polêmicas à parte, o fato é que histórias como essas estão presentes em livros, novelas ou filmes. Umas mais realistas que outras, mas todas com um só objetivo: mostrar ao público que não importa a limitação que o personagem possua, sempre existirá um nascer do sol após a escuridão. Sempre haverá alguém para ajudá-lo a vencer os desafios.

Você já teve a oportunidade de observar o nascer do sol? No momento em que ele desponta no horizonte, sua luz começa a iluminar fracamente o alvorecer. Pouco a pouco, esta luz vai ficando cada vez mais forte, tão forte que é impossível olhar para ela sem sentir os olhos arderem. Após iluminar durante todo o dia, sua luz vai diminuindo... diminuindo... e desaparece para iluminar outros lugares. É claro que de vez em quando surgem as nuvens para encobrir os dias ensolarados. Mas, por incrível que possa parecer, elas são fundamentais para equilibrar o meio ambiente. Do mesmo modo acontece em nossa vida. Nós podemos ter um sol brilhante todos os dias, quando contamos com pessoas que se importam verdadeiramente conosco. Podemos ter dias nublados, quando as dificuldades surgem em nosso cotidiano e nos impedem de prosseguir. Mas o sol sempre retorna, quando conseguimos superar os desafios e distribuir felicidade por onde passamos.

Desejo que em todos os dias de sua vida você possa ser a luz que iluminará a vida de alguém. Assim teremos um sol brilhante durante todos os dias do ano!

sábado, 30 de novembro de 2013

quatro desafios e uma medalha.

Nos dias 21 e 22 de novembro aconteceu o "Mundo Senai", um evento local em que um dos objetivos é apresentar ao público os serviços que o SENAI oferece aos alagoanos. Na oportunidade, os competidores da Olimpíada do Conhecimento aproveitam para fazer simulados com provas como as que encontrarão no dia da competição. Passei uma tarde bastante agradável visitando o evento e isso foi suficiente para me fazer recordar de toda a experiência vivenciada no período em que eu ainda era competidora. Foi aí que pensei em contar um pouco da história para vocês!

Tudo começou no fim de janeiro de 2012, quando eu recebi o convite para participar da competição. Fui informada que eu faria um treinamento intensivo na área de informática no SENAI; que a etapa nacional da Olimpíada aconteceria em São Paulo durante o mês de novembro; que eu iria competir com deficientes visuais de diversos estados do Brasil; que seria uma excelente oportunidade de crescer profissionalmente; e o mais importante: eu estaria representando Alagoas em uma competição que, pela primeira vez, incluía pessoas com deficiências no "elenco": foram 36 deficientes ao todo, sendo 11 deficientes visuais. Após dois dias de reflexões e muitas conversas, decidi aceitar! E foi então que começaram os desafios.

1º desafio: o treinamento.
Durante oito meses, vivi um período de muito aprendizado, no qual eu aprendia não apenas os recursos da plataforma Office (Word, Excel, Powerpoint e Access), mas também testava a paciência, a tolerância, o autocontrole, a disciplina. Fiz muitas amizades, isso tornava o treinamento bem mais fácil! E para facilitar mais ainda, o bom humor era meu trunfo. Acontecesse o que acontecesse, eu concluí que precisaria estar feliz, fazer as pessoas a minha volta felizes também. Afinal, eu fazia parte da delegação "Guerreiros de Alagoas" e sentia-me orgulhosa de ser uma das 27 competidoras!

2º desafio: a Falsa Baiana e o Rapel.
Esportes radicais nunca foram o meu forte, mas em treinamento para a Olimpíada do Conhecimento tudo era possível! Eu, morrendo de medo da altura e do "desconhecido", fui convidada a participar. Claro que nada era imposto, mas eu queria testar o meu limite e arrisquei. Nunca pensei que conseguiria andar pendurada em uma corda, segurando em outra. Nunca pensei que desceria um Rapel de uma altura tão grande! Foram 18 metros, a altura de um prédio de 6 andares. Tudo isso, feito com a máxima segurança e cuidado.

Outra experiência maravilhosa que vivi foi a possibilidade de conduzir uma embarcação. Nessa hora, a confiança no meu acompanhante, que era o meu treinador, foi fundamental!

3º desafio: Simulado no Centro de Convenções.
O objetivo da equipe de treinadores e psicólogos era fazer com que nós vivenciássemos todos os tipos de experiências, afinal não sabíamos o que encontraríamos em novembro. Por isso, fui exposta ao barulho de uma exposição aberta ao público: música ao vivo, pessoas passando, gente falando ao microfone etc. Foram dois dias difíceis, em que eu precisava me concentrar apenas no meu computador e no fone de ouvido. Era necessário esquecer todo o barulho externo para que pudesse entender o que meu computador estava falando e assim realizar as atividades propostas. E eu consegui!

4º desafio: a prova.
Foram quatro dias de competição, nos quais eu precisei demonstrar todos os conhecimentos adquiridos. A ideia da prova é simular situações reais nas empresas, então eu era solicitada a produzir atividades como: elaborar anúncios para divulgar produtos, criar apresentações em slides, organizar banco de dados de funcionários e clientes, entre outras atividades empresariais. Competi com 10 pessoas deficientes visuais, uma de cada SENAI. Executei a prova com tranquilidade e confiança no treinamento que recebi. Após superar todos os desafios anteriores, eu me sentia definitivamente preparada para a competição e foi um sucesso!


Vivi momentos inesquecíveis ao participar da Olimpíada do Conhecimento 2012. Foi uma honra conquistar a medalha de prata para Alagoas. Quero deixar registrado aqui todo o meu reconhecimento ao SENAI Alagoas e meu agradecimento ao Flávio Santos, que foi meu treinador e se tornou meu amigo.

A Olimpíada do Conhecimento 2014 já está em andamento e o competidor por Alagoas tem a missão de trazer o Ouro! (risos). Boa sorte a todos da delegação! Desejo que aproveitem cada segundo do treinamento, assim como eu aproveitei! Saiba mais sobre a Olimpíada do Conhecimento, o maior evento de educação profissional da América Latina, acessando o site oficial! Aqui

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Diga-me o teu nome e eu saberei quem és.

Desde a infância, minha audição era estimulada com brinquedos que faziam barulho ou bonecas falantes. Pouco a pouco, as "vozes dos brinquedos" foram substituídas pelas vozes das pessoas e foi assim que passei a reconhecer meus familiares e parentes.

Na fase escolar, mais vozes eram acrescentadas à minha mente: agudas, graves, altas ou baixas; cada uma com sua peculiaridade e tão única como uma impressão digital. Naturalmente, se formava um verdadeiro "Catálogo vocal", cujo objetivo era armazenar as vozes dos colegas de classe, professores e demais funcionários. Lembro de como todos ficavam felizes quando eu conseguia identificá-los pela voz! Durante o período acadêmico, o número de vozes triplicou. Era impossível memorizar todas! Então meu "catálogo vocal" ficou restrito ao grupo de amigos mais próximos e a alguns professores (os mais falantes, é claro!).

Hoje então, nem se fala! Com a quantidade de pessoas que encontro todos os dias, nem sempre vou identificar todo mundo apenas pela voz. Sabe quando você vai ao shopping e encontra aquele rosto conhecido, mas não consegue se lembrar de quem é? O mesmo pode acontecer comigo em relação à sua voz.

Uma cantora deficiente visual já dizia: "se quiser que eu te reconheça então me diga teu nome". Esta é realmente uma prática infalível porque pode evitar situações bem comuns do tipo : 1º. A pessoa conversar comigo, esquecer de se identificar e eu ficar me perguntando: "com quem será que eu conversei naquela hora?" 2º. Alguém começa a conversar e eu pergunto: "Mas, me diz: Qual o seu nome?" E a pessoa com tom triste / surpreso / indignado na voz: "Não acredito que você não me reconhece pela voz!" Isso merece aquele sorrisinho característico e a frase mais utilizada da década: "pois é... são tantas vozes que é difícil adivinhar!" 3º. Tem também uma situação clássica. Imagine a cena: estou caminhando com alguém ao lado, quando outra pessoa passa correndo por mim e diz: "Fabrícia!" eu respondo um "oiii!" e o meu acompanhante pergunta: "Quem é esse(a) que falou contigo?" Mas eu não sei dizer porque não reconheci a voz e a pessoa não se identificou.

Essas são apenas algumas das situações recorrentes que já vivenciei. Mas, ao me colocar no lugar do meu interlocutor, penso que talvez ele não ficaria muito feliz se soubesse que quando falou comigo não foi reconhecido. Por isso, fica a dica: Se você quiser que uma pessoa deficiente visual te reconheça, identifique-se.

Para terminar esta postagem com alegria, nada melhor do que ouvir música! Conheça a canção "Pra que", da Sara Bentes, a cantora deficiente visual que falei. Espero que goste!